A Brigada Militar realizou, nesta quarta-feira (30/4), a 3ª edição do seu Congresso Institucional. Com o tema “Evolução, Estratégia e Compromisso com a Sociedade”, o evento mobilizou oficiais de todo o estado, convidados e autoridades em um dia de palestras, discussões, reflexões e compartilhamento de boas práticas no Teatro da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Em pauta, os resultados e avanços apresentados nos últimos anos, a gestão e governança institucionais, as estratégias de combate à criminalidade e o mote “Orgulho em Pertencer”, que reflete o espírito da Corporação e a dedicação que move cada brigadiano, especialmente após as enchentes de 2024. 

A palestra magna foi proferida pelo secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do RS, Mário Ikeda. Após parabenizar a Brigada Militar pela organização do evento, agradeceu a oportunidade de compartilhar o seu testemunho sobre a dinâmica de trabalho na segurança pública gaúcha. Ikeda destacou a gestão por resultados implantada recentemente, cujo foco é reduzir os índices de criminalidade. Na prática, explicou, essa estratégia consiste no acompanhamento das ocorrências visando à identificação de dificuldades. 

“Acompanhamos os resultados com o dedo no pulso. Por exemplo, todos os dias, às seis horas, todos os chefes recebem o primeiro relatório com os indicadores de criminalidade da véspera. Nos casos de homicídio, recebemos três relatórios diários. E, semanalmente, nos reunimos para traçar estratégias de atuação. Desta maneira, agimos rápido e com medidas efetivas para restabelecer a sensação de segurança e, temos sido bem-sucedidos conforme demonstram as reduções dos índices de criminalidade,” disse. 

Após fala do secretário-adjunto, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, ministrou palestra intitulada “Desafios da Polícia Militar: da excelência às organizações criminosas”. Com pitadas de humor e criticidade, permeou temas como a relação entre as polícias militares e a sociedade e os poderes da República, a relevância social das PMs, os projetos previstos para a área de segurança pública e a necessidade de manutenção das atribuições das corporações estaduais.  

“Cada um de nós, do soldado ao coronel, no nosso nicho de atuação, somos liderança e temos que nos posicionar. Não existe opção além dessa. No tempo que nós nos calamos, enfraquecemos. A voz de 480 mil policiais militares do Brasil reverbera; o silêncio também”, comentou, Feoli, ao mencionar a necessidade de união entre as PMs para o enfrentamento aos desafios e fortalecimento institucional. Na segunda parte da palestra, traçou um panorama sobre a gestão e eficiência na segurança pública e na prestação dos serviços públicos e as respostas do Poder Público às organizações criminosas. 

*Profissionalismo*

O advogado Rafael Scherer Politano, que trabalha com Direito Militar e ministra aulas de formação de negociadores policiais em situações extremas, abordou o tema “Excelência no dia a dia”. Compartilhou as orientações aos participantes sobre como manter o profissionalismo, a base para a realização de um trabalho de excelência. Entre elas, citou o aprendizado constante e forneceu dicas de leituras. Destacou o poder da gentileza no trato com todas as pessoas igualmente, da escuta atenta e a liderança e capacidade de enfrentamento dos desafios para conquistar a confiança do público. “A coragem moral e a resiliência aparecem quando fazemos o que tiver que ser feito diante das inúmeras dificuldades,” disse a respeito das habilidades de um profissional de excelência.   

*Guardas municipais*

Iniciando as atividades do turno da tarde, o palestrante Luís Flávio Sapori abordou o  tema “A perspectiva das Guardas Municipais na sociedade brasileira”. O professor iniciou a sua fala elogiando o trabalho da segurança pública realizado pelo Estado do Rio Grande do Sul. Em seguida, realizou a sua análise sobre a realidade institucional das GMs. De acordo com ele, existe, aproximadamente, o contingente de 100 mil profissionais nas guardas municipais no Brasil, o que coloca as instituições, na prática, como forças de segurança pública, em que pesem controvérsias legislativas. 

Apesar do reconhecimento às guardas municipais, o professor ponderou preocupações a respeito de conflitos de competência no papel de policiamento ostensivo e atuações com viés meramente repressivo, ao invés de comunitário e de prevenção e mediação de conflitos, conforme consta na Lei Federal 13.022/2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais). 

*Inovações no Copom*

Na sequência, o tenente coronel Cristiano Luís de Oliveira Moraes, abordou o tema: “O futuro das salas de operações”. Inicialmente, apresentou a divisão da estrutura operacional do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) na capital formada pelo 190, despacho e monitoramento dos seguintes comandos especializados: Choque, Ambiental e Rodoviário. Segundo Moraes, a extensa lista de benefícios inclui uma rede de rádio digital, a gravação de todas as chamadas telefônicas 190, espelhamento e controle de câmeras do município e da Secretaria de Segurança Pública, acesso a todas as câmeras corporais da Capital, o sistema de drones, um gerador que permite ao sistema o funcionamento 24 horas, e o acompanhamento das ocorrências em tempo real.  

“Após a implantação dessas melhorias, constatamos a diminuição de 70% do tempo de resposta no atendimento de ocorrências e uma fila de espera zero no 190. Alcançamos uma média mensal de 80.000 chamados atendidos,” destacou Moraes. E ainda há previsão de serem implantadas mais tecnologias, como analíticos forenses no uso de imagens, e acesso interno com reconhecimento facial. Essas inovações de Porto Alegre deverão ser implementadas nos demais municípios gaúchos. 

*O combate à criminalidade organizada*  

Sob o tema “A Polícia Militar no enfrentamento às organizações criminosas”, o ex-comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Cássio Araújo de Freitas, fechou as apresentações. Durante a sua apresentação, ele palestrou sobre a doutrina de enfrentamento ao crime organizado no estado mais populoso do Brasil. “O combate é de todos. O crime organizado é o padrão, e o desorganizado é o não padrão. Está tudo conectado e capilarizado, e a pequena ação financia a grande ação”, pontuou Freitas. Alguns dos pilares do combate às organizações criminosas apresentados por ele são o investimento em inteligência, conexões e apreensões de drogas. Além disso, a percepção de segurança ao cidadão e os números precisam caminhar juntos. Uma das formas de fortalecê-la é por meio da territorialidade e da presença policial.  

*Dia de premiações, homenagens e apresentações culturais*  

O 3º Congresso Institucional da Brigada Militar contou com momentos de premiações em reconhecimento a unidades que fora destaque no último ano na Corporação. Ao todo, foram 15 unidades homenageadas pelos resultados obtidos. Foram elas: o 20º BPM, o 31º BPM e a 4ª Companhia Independente, por reduções nos cinco indicadores criminais do Sistema Avante, acima da média institucional; o 1º BPM, o 9º BPM, o 15º BPM, o 18º BPM, o 24º BPM, o 36º BPM e o 13º BPM, por reduções em quatro indicadores criminais do sistema Avante, acima da média institucional; o 1º BPChq, por maior quantidade de apreensão de armas de fogo; o 22º BPM, por maior quantidade de entorpecentes apreendidos, o 2º BRBM, por maior quantidade de veículos fiscalizados; o 1º RPMon, por maior quantidade de BO-COP confeccionados; e o 3º RPMon, por maior quantidade de prisões realizadas e maior número de BO-TC confeccionados. 

A resposta rápida da BM durante as enchentes foi motivo de homenagem realizada pelo Comando da Brigada Militar, ao final do evento, aos efetivos que atuaram com o objetivo de minimizar os danos e oferecer assistência à população. Durante a homenagem, a centenária Banda da Ajudância-Geral, que já havia abrilhantado a abertura do Congresso, executou a canção “Céu, sol, sul, terra e cor”, como homenagem aos presentes.  

Texto: Ícaro Ferreira/Ascom Comando-Geral BM e Eliege Fante/PM5